top of page

Tapajós

Roteiro

    A área Tapajós (interflúvio Tapajós-Xingu) é composta de uma variedade de ambientes e representa uma das regiões mais interessantes da Amazônia, com altíssima diversidade de aves, rica espécies endêmicas e raridades. Neste itinerário de observação de aves, visitamos três áreas principais: primeiro Sinop - MT, uma região de florestas semidecíduas amazônicas; depois a cordilheira da Serra do Cachimbo, um ambiente complexo composto por florestas, savanas e campinas que dividem o interflúvio ao meio; por último, exploramos as matas densas do rio Jamanxim, onde encontramos raridades da parte norte do interflúvio. 

Endemismos

    O Uirapuru-de-flancos-cinza (Cyphorhinus griseolateralis) foi recentemente reconhecido e só ocorre no interflúvio Tapajós-Xingu. Alguns observadores consideram seu canto o mais bonito entre todas as aves, pois é excepcionalmente melódico mesmo em comparação com outros Uirapurus. Estamos monitorando o comportamental desta fantástica espécie.


    Embora naturalmente raros, duas Tovacas endêmicas da área do Tapajós podem ser observados com facilidade em alguns locais que monitoramos: o ameaçado Torom-de-alta-floresta (Hylopezus whittakeri) e a Tovaca-do-tapajós (Myrmothera subcanescens), que é relativamente pouco conhecida e difícil de fotografar devido à sua tendência de viver entre as Helicônias.


    O Jacu-estalo-escamoso (Neomorphus squamiger) é uma ave rara e arredia, conhecida como o fantasma da floresta. Acompanha formigas de correição e queixadas, com sorte pode ser observada nas áreas em Tapajós. Os marcantes anéis oculares brancos anunciam a presença da Mãe-de-taoca-de-cara-branca (Rhegmatorhina gymnops), um dos mais presentes seguidores de formigas de correição na região do Tapajós.

     Nas densas florestas do Tapajós, frequentemente encontramos estas duas espécies de beija-flores que são endêmicas e ameaçadas: o Rabo-branco-do-tapajós (Phaethornis aethopygus); e o Rabo-branco-de-barriga-cinza (Phaethornis major). Essas duas espécies são pouco conhecidas e só recentemente receberam reconhecimento taxonômico.

    Aproximando-se curiosamente, um bando barulhento de Jacamim-de-costas-marrons (Psophia dextralis) pode ser visto caminhando pelo chão. São aves singulares, conhecidas por seu estilo de vida nômade nos confins sombrios da floresta.


    Uma série de estudos científicos recentes tem reconhecido várias espécies de arapaçus endêmicos da região do Tapajós, são eles: o Arapaçu-pardo-de-mato-grosso (Dendrocincla atrirostris) do grupo dos Arapaçu-pardo, o Arapaçu-do-tapajós (Campylorhamphus cardosoi) do grupo do Arapaçu-de-bico-curvo, o Arapaçu-barrado-do-tapajós (Dendrocolaptes ridgwayi) do grupo de Arapaçu-barrado, e o Arapaçu-meio-barrado-do-xingu (Dendrocolaptes transfasciatus) do Arapaçu-meio-barrado.

Dançador-de-coroa-dourada

Lepidothrix vilasboasi

       O Dançador-de-coroa-dourada (Lepidothrix vilasboasi) é um dos piprídeos mais restritos e ameaçados do mundo. Em 2023, descobrimos uma área de lek de machos em uma floresta privada e fizemos um acordo com o proprietário para monitorar a espécie e levar observadores de aves a verem e fotografarem essa jóia do Tapajós. Para se ter uma ideia da raridade, antes de descobrirmos a área, havia apenas seis avistamentos no eBird, todos feitos por ornitólogos. Isso se deve ao fato de que sua pequena área de distribuição é praticamente 100% coberta por áreas inacessíveis, como unidades de conservação, terras indígenas e reservas militares.

vb_edited.jpg

Helmut Sick1957

Essa espécie foi inicialmente descrita pelo famoso ornitólogo Helmut Sick em 1957, mas desde então permaneceu desaparecida até ser redescoberta mais de 40 anos depois. A raridade, distribuição misteriosa e semelhança com outros piprídeos levantaram hipóteses entre pesquisadores do século XX sobre a possibilidade dessa ave ser um híbrido. No entanto, estudos recentes comprovaram que o Dançador-de-coroa-dourada é uma espécie plena que teve origem em um evento de hibridismo entre o Uirapuru-de-chapéu-branco (Lepidothrix nattereri) e o Cabeça-de-prata (Lepidothrix iris) há mais de 180 milhões de anos atrás.

Outros destaques

    Na escuridão das matas do Tapajós, de repente uma pequena estrela neom cruza o sub-bosque, é a fantástica iridescência da coroa do Cabeça-de-prata (Lepidothrix iris), veja as fotos!

    O Uru-corcovado (Odontophorus gujanensis) é sempre ouvido no final do dia, mas precisamos usar estratégia para atrair e observar, pois ele é bem camuflado e foge diante de qualquer perturbação.


   O Chupa-dente-de-peito-preto (Conopophaga snethlageae) é uma espécie recentemente validada, facilmente encontrada nas matas do Tapajós, defende bravamente qualquer movimentação perto de seu território. No mesmo lugar podemos encontrar o Cantador-amarelo (Hypocnemis hypoxantha), o Barranqueiro-do-pará (Automolus paraensis), o Asa-de-sabre-de-cauda-escura (Campylopterus obscurus), o João-teneném-castanho (Synallaxis rutilans), o Caçula (Myiornis ecaudatus) e várias outras espécies de sub-bosque.

 

    Inúmeros psitacídeos podem ser vistos na área, como a Tiriba-de-barriga-vermelha (Pyrrhura perlata) e a simpática Marianinha-de-cabeça-amarela (Pionites leucogaster). Mas a beleza das cores são encontradas no Capitão-de-cinta (Capito dayi) e em seu parente distante, o Araçari-mulato (Pteroglossus beauharnaisii).

 

    O Tapajós é provavelmente o melhor lugar do mundo para se observar a Mãe-de-taoca (Phlegopsis nigromaculata), ela é a líder de bandos mistos de formigas de correição, onde é vista ao lado do Arapaçu-uniforme (Hylexetastes uniformis), Rendadinho-do-xingu (Willisornis vidua), Vira-folha-de-bico-curto (Sclerurus rufigularis), o impressionante Guarda-floresta (Hylophylax naevius), e o Formigueiro-de-cauda-baia (Sciaphylax pallens).

    A área do Tapajós também é um ótimo lugar para observar e fotografar Inhambus, lar de várias espécies interessantes, como a Azulona (Tinamus tao), o Inhambu-relógio (Crypturellus strigulosus) e o raríssimo Inhambu-poca-taquara (Crypturellus griseiventris).

Baixe a lista de
espécies completa

O lameiro dos Queixadas

No meio da floresta da Fazenda Modelo, há um grande lameiro construído ao longo de muitas gerações pelos Queixadas (Tayassu pecari). Na estação seca, esse é um dos poucos locais que permanece com aguá disponível para os animais, tornando-se um ponto estratégico para um espetáculo de observação da fauna amazônica.

       Todas as tardes, um alvoroço de aves de diversas espécies frequenta o local. Chocas, arapaçus, saíras, tucanos, barranqueiros, rabos-branco e seguidores de formigas-de-correição são presenças comuns. O local serve de lar para algumas aves específicas desse ambiente, como pula-pulas, papa-formigas, tovacas e juruvas. O socoí-zigue-zague aparentemente fixa residência lá.
       Parece que todas as aves da floresta conhecem esse lameiro. Grandes aves como mutuns, jacus, inhambus, jacamins, pariris, e até mesmo uma jovem harpia já desceu ao chão para saciar a sede. Os mamíferos são avistados com frequência, incluindo espécies raras como o cachorro-vinagre e o tatu-canastra. Contudo, queixadas, quatis, tamanduás e jaguatiricas são os mais avistados.

Primatas

   No roteiro da área Tapajós, visitamos florestas onde ocorre uma grande diversidade de primatas, incluindo muitos endemismos. O destaque é o recem descoberto Sagui-dos-munduruku, uma espécie muito bonita que vive nas matas da Fazenda Modelo.

Endêmicos:

- Sagui-dos-munduruku (Mico munduruku)
- Sagui-de-Emília (Mico emiliae)
- Cuxiú-de-nariz-branco (Chiropotes albinasus)
- Sauá-de-Vieira (Plecturocebus vieirai)
- Zogue-zogue (Plecturocebus moloch)
- Bugio-de-mãos-ruivas-de-Spix (Alouatta discolor)
- Macaco-aranha-de-cara-branca (Ateles marginatus)

Outros:
- Macaco-de-cheiro-brasileiro (Saimiri ustus)
- Macaco-prego-das-guianas (Sapajus apella)

1S5A6287.jpg

A paisagem

As florestas do Tapajós são caracterizadas por sua escuridão profunda e uma notável homogeneidade, são compostas basicamente por apenas dois tipos de floresta: a floresta inundável "Várzea" e a floresta "terra-firme". Em terra-firme, a abundância de Helicônias no sub-bosque domina muitas áreas, proporcionando um habitat rico e diversificado para inúmeras espécies.

Mais informações

Clima

O clima é típico de floresta ombrófila úmida, as chuvas caem o ano todo, principalmente no primeiro semestre, as temperaturas médias variam de 21 a 32 °C e a precipitação média é entre 50–380 mm.

Acesso

A principal rota de acesso é o aeroporto de Sinop (OPS), que conta com voos regulares. É lá que se encontram as primeiras áreas deste roteiro. O segundo ponto é a Serra do Cachimbo, localizada a 300 km na rodovia BR-163. Em seguida, a 290 km à frente, está Novo Progresso, o principal destino deste roteiro

bottom of page